Informação sobre infecção urinária, causas, sintomas e tratamento de infecção urinária, com diagnóstico de pielonefrite e cistite.


Prevenção da infecção urinária

Existem algumas medidas importantes que podem prevenir as infecções urinárias.
Se você é uma mulher, limpe-se da frente para trás após urinar. Isto ajuda a manter as bactérias longe da abertura da uretra. Beba muito líquido. Beba suco de frutas. Beba um copo de água antes da relação sexual. Vá ao banheiro urinar após o ato sexual. Se você usa lubrificantes durante o ato sexual, use os solúveis em água. Use roupa íntima de algodão; as bactérias gostam de locais quentes e úmidos.
O algodão ajuda a manter a região genital seca, pois permite a passagem de ar. Não tome banho de banheira se já tiver tido infecção urinária antes. Prefira usar o chuveiro. Não use roupa íntima, calça ou jeans apertados. Se você usa diafragma, limpe-o após usá-lo, e peça ao seu médico para checá-lo periodicamente para certificar-se de que esteja do tamanho adequado. Vá ao banheiro sempre que sentir vontade. Esvazie completamente a bexiga. Procure seu médico para tirar suas dúvidas e sempre que tiver algum tipo de sintomas.
Não use nenhum antibiótico por conta própria. Não se arrisque utilizando remédios indicados por outras pessoas, e lembre-se que tudo pode complicar se você não tiver um atendimento médico e um acompanhamento profissional adequado.
Não hesite; isso pode causar sérias complicações de saúde e colocar sua vida em risco.

Infecção urinára na mulher

A infecção do trato urinário caracteriza-se pela invasão e multiplicação de micro-organismos nos rins e nas vias urinárias. Na maioria das vezes, é resultado da colonização da urina por bactérias fecais, que cresceram em meio anaeróbio, sendo a E. coli o patógeno mais comumente envolvido nessas infecções.
A infecção do trato urinário é uma das mais comuns infecções bacterianas na mulher, sendo que pelo menos 40% das mulheres adultas têm pelo menos um episódio de infecção do trato urinário em suas vidas. Manifesta-se clinicamente por disúria, polaciúria, urgência miccional e dor no baixo ventre na cistite, arrepios de frio e lombalgia na pielonefrite, ou completa ausência de sintomas na bacteriúria assintomática. O diagnóstico, na maioria das vezes, com exceção da bacteriúria assintomática, é clínico. A gravidez é situação que predispõe ao aparecimento de infecção do trato urinário, devido às mudanças fisiológicas (mecânicas e hormonais) que ocorrem nesse período da vida da mulher. A infecção do trato urinário durante a gravidez pode causar sérias complicações, como o trabalho de parto pré-termo, recém-nascidos de baixo peso, rotura prematura de membranas, restrição de crescimento intraútero, paralisia cerebral, entre outras.

Tratamento da pielonefrite

A pielonefrite (infecção do trato urinário alta) de origem comunitária e não complicada inicialmente pode ser tratada em regime ambulatorial, com reavaliação a cada 48 h para determinar a efetividade do tratamento. Em pacientes com sinais de instabilidade ou com fatores associados à ocorrência de ITU complicada, devem preferencialmente ser internados. Nestes pacientes o uso de anti microbianos endovenosos deverá ser instituído até que se encontrem sem febre por um período de 48 a 72 h, quando a terapia pode ser completada por via oral. Em caso de internação hospitalar, recomenda-se a coleta de hemoculturas e a realização de ultrassonografia.

Tratamento da Cistite

O tratamento da cistite (infecção do trato urinário baixa) de origem comunitária em mulheres jovens imunocompetentes e sem fatores associados à ocorrência de infecção do trato urinário complicada pode ser instituído empiricamente sem a solicitação de urocultura. Para isto deve existir dois ou mais dos sintomas como disúria, urgência miccional, polaciúria, nictúria e dor suprapúbica, associado ao encontro de leucocitúria na urina tipo 1. Já em mulheres idosas ou diabéticas, a investigação com urocultura é necessária, o tempo de uso dos agentes deve ser prolongado (10 a 14 dias) e a ciprofloxacina 500 mg VO de 12/12 h passa a fazer parte das opções terapêuticas.
Em gestantes com cistite de origem comunitária, algumas contra indicações relativas a determinados anti microbianos promovem uma redução significativa com relação às drogas potencialmente utilizáveis.
As possibilidades terapêuticas disponíveis para a gestante são antibióticos beta-lactâmicos, nitrofurantoína e fosfomicina.
Quando a cistite ocorre em pacientes do sexo masculino a ciprofloxacina é uma opção terapêutica e o tempo de tratamento se prolonga para 10 a 14 dias.
Caso o paciente possua mais de 60 anos, justifica-se a realização do exame de próstata e a solicitação de urocultura e teste de sensibilidade a anti microbianos deve ser realizada em todos os casos.
O uso de Sulfametoxazol+Trimetoprin, amplamente difundido em guias internacionais, poderá ser utilizado baseado em teste de sensibilidade a anti microbianos e não em tratamento empírico, devido ao aumento de resistência desta droga em isolados de Escherichia coli.
Os anti microbianos da classe dos aminoglicosídeos, apesar de possuírem excelente ação sobre enterobacteriácias no trato urinário, têm seu uso restringido devido ao potencial de nefrotoxicidade e a existência de drogas com excelente ação e com perfil de segurança maior em relação aos efeitos colaterais.
Entretanto são opções válidas nos casos de contraindicações de outros agentes ou guiado por teste de sensibilidade a anti microbianos, não sendo, portanto, indicado entre as primeiras opções para tratamento. As drogas e doses utilizadas são, Gentamicina 3mg/Kg/dia dividido em 3 doses diárias e Amicacina 15mg/Kg/dia em dose única com infusão de 1h.

Tratamento de infecção urinária

Nas formas clássicas não complicadas, o tratamento de base é feito com antibióticos por via oral a curto período de tempo, 3 a 5 dias. Pode-se usar uma cefalosporina de 1º geração como a cefalexina (Keflex), Sulmetoxazol-trimetropim (bactrim), Macrodantina ou uma quinolona (Norfloxacina ou ciprofloxacina, esta última com alcance para pielonefrite).
O Cloridrato de Fenazopiridina, marca comercial Pyridium, pode ser tomado por boca, aliviando o desconforto urinário da doença, mas não tratando a infecção, pois não é um antibiótico. Pode deixar a urina alaranjada.
A bacteriúria assintomática não deve ser tratada de rotina, com algumas exceções. Nas gestantes por exemplo, infecção do trato urinário ou bacteriúria assintomática devem ser tratadas por 7 dias por boca pelo risco de trabalho de parto precoce e infecção amniótica e neonatal - lembrar que o uso de bactrim e quinolonas pode ser teratogênico e deve ser evitado na gestação.
A pielonefrite é um quadro mais grave, podendo a vitma evoluir com queda do estado geral e sepse grave. Por isso, muitas vezes é necessário internação e antibiótico por via endovenosa e coleta de exames.

Infecção urinária na gravidez

A infecção do trato urinário representa uma das doenças infecciosas mais comuns durante a gestação, com frequência variando de 5 a 10%. Essa infecção pode ser sintomática ou assintomática, notando-se na gravidez a ocorrência de fatores que facilitam a mudança de infecções assintomáticas para sintomáticas.
Bacteriúria assintomática está associada à maior incidência de hipertensão, anemia, retardo de crescimento fetal e prematuridade.
Além da incidência  aumentada  dessas  infecções  entre  grávidas, 2 justamente neste período que o arsenal terapêutico antimicrobiano e as possibilidades profiláticas são mais restritas, considerando-se a toxicidade das drogas para o feto. A Escherichia coli é o uropatógeno mais comum, sendo responsável por mais de três quartos dos casos. Por isso, a terapêutica inicial necessariamente deve levar em consideração o padrão de sensibilidade desse microrganismo aos antimicrobianos propostos.
As sulfas devem ser evitadas no fim do terceiro trimestre pelo perigo de kernicterus. As fluoroquinolonas não devem ser usadas por poderem afetar o desenvolvimento das cartilagens do feto. Pielonefrites febris podem ser tratadas com drogas ß-lactâmicas.

Sintomas de infecção urinária na criança

A infecção urinária se apresenta, na criança, sob quatro formas clínicas:
  1. com sintomatologia relacionada ao aparelho urinário, expressa por disuria, polaciúria, dor lombar, nos flancos ou hipogástrica, enurese, em pacientes que já haviam adquirido controle esfincteriano vesical, com ou sem febre, raramente com hematúria, muitas vezes com piuría e com bacteriúria significativa. Esta é a forma mais frequente de apresentação, em crianças com mais de 5 anos de idade.
  2. com sintomatologia inespecífica, ou referente a outros sistemas, como episódios recorrentes de febre, ganho inadequado de peso, alterações gastrintestinais, como anorexia, surtos de vômitos e/ou de diarreia, íleo paralítico, crises de dor abdominal, irritabilidade, convulsões, torpor, hipotonicidade, irregularidade do ritmo respiratório, palidez, cianose, tonalidade acinzentada da pele, ictericia. Esta é a forma mais comum de apresentação em lactentes.
  3. sem sintomatologia - um pequeno percentual de crianças com bacteriúria significativa é completamente assintomática ou assim se torna, após episódios sintomáticos, sem que haja havido remissão da infecção. Os segundos episódios de infecção e os recorrentes são frequentemente assintomáticos, principalmente quando é instituída terapêutica de manutenção.
  4. no período neonatal - neste grupo etário, o quadro clínico varia, desde o septicêmico, com sério risco de vida, até o assintomático, com bacteriúria significativa.

Síndromes clínicas da infecção urinária

A infecção do trato urinário pode ser classificada do ponto de vista clínico em várias síndromes, como as indicadas a seguir:

CISTITE
Também denominada infecção do trato urinário baixa, se caracteriza pela invasão e aderência de microorganismos na bexiga, levando a uma resposta inflamatória.
Clinicamente caracteriza-se por presença de disúria, polaciúria, tenesmo vesical e dor hipogástrica.
Cerca de 30% das infecções do trato urinário baixas apresentam comprometimento alto oculto, e o tratamento nestes casos deve ser feito para infecção do trato urinário alta. O diagnóstico de infecção do trato urinário alta oculta deve ser feito, quando estiver presente um dos um dos fatores mencionados a seguir:
  • Sexo masculino
  • Idade avançada
  • Infecção hospitalar
  • Gravidez
  • Cateter urinário
  • Instrumentação recente do trato urinário
  • Alterações anatômicas ou funcionais do trato urinário
  • História de infecção do trato urinário na infância
  • Presença de sintomas por 7 dias ou mais
  • Uso recente de antibióticos
  • Diabetes Mellitus
  • Imunossupressão
PIELONEFRITE
também denominada infecção do trato urinário alta e nefrite intersticial bacteriana, caracteriza-se pela invasão e aderência de microorganismos no rim, levando a uma resposta inflamatória. Clinicamente caracteriza-se por dor em flanco, sensibilidade na região lombar (sinal de Giordano), febre, calafrios, náuseas e vômitos.

BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA
Caracterizada pela presença de bacteriúria significativa em pacientes sem sintomas atribuíveis ao trato urinário. Para que se possa diferenciar da contaminação, deve ocorrer o crescimento do mesmo germe em 2 uroculturas e com contagem de colônias superior a 100.000/ml ou próxima a esse valor.

SINDROME URETRAL
Apresenta sintomas de disúria e pola-ciúria exuberantes, porém com urocultura negativa, e sedimento urinário normal ou com leucocitúria. Habitualmente, associa-se a infecções por germes não habituais (Chlamydia trachomatis, Ureaplasma urea-lyticum, Mycoplasma, Gonococo, Trychomonas, Cândida, Mycobacteria), e cistites não infecciosas.

Sintomas da infecção urinária

Os sintomas associados a Infecção Urinária Baixa ou Cistite são:
  • Dor
  • Dificuldade e/ou urgência para urinar
  • Micções urinárias muito frequentes e de pequeno volume
  • Urina com mau cheiro, de cor opaca
  • Urina com filamentos de muco
Muitas vezes, somam-se a esses sintomas e sinais, dores na bexiga e, no final da micção, gotejamentos de pequenas quantidades de sangue.

Além dos sintomas anteriores, pacientes com a Infecção Urinária Alta ou Pielonefrite (quando rim é atingido) pode apresentar os seguintes sintomas:
  • Calafrios
  • Febre
  • Dor lombar
 Algumas vezes, podem ocorrer cólicas abdominais, náusea e vômito.

Causas da infecção urinária

Os microorganismos uropatogênicos colonizam o intestino grosso e a região perianal.
Nas mulheres, pode haver colonização do vestíbulo vaginal e do intróito uretral e, posteriormente, ocorre ascenção para a bexiga e/ou rins. Em condições normais, há competição entre esses uropatógenos e a flora vaginal, constituída predominantemente por lactobacilos. A colonização da vagina é facilitada,  rincipalmente, pelo uso de antibióticos e pela má higiene perineal. A migração para a uretra e bexiga é desencadeada, principalmente, pela atividade sexual, pelo uso de contraceptivos com espermicida, e pela alteração do pH vaginal, que pode ocorrer com a alteração da flora pelo uso de antibióticos e pelo hipoestrogenismo que, habitualmente, ocorre na menopausa.

Diagnóstico de infecção urinária

A presença dos sinais e sintomas de infecção urinária obriga o médico a solicitar um exame comum de urina e uma urocultura. Para isso, é muito importante que a coleta de uma amostra de urina seja feita sem contaminação.
A coleta é feita pelo jato médio da primeira urina da manhã, após uma higienização bem feita da região peri-uretral. O jato médio é o jato urinário colhido após ter sido desprezada a primeira porção da urina, que poderia estar contaminada por microorganismos da uretra.
O exame comum de urina, no caso de infecção urinária, apresenta bactérias e grande quantidade de leucócitos (glóbulos brancos, células de defesa), predominando sobre os eritrócitos (glóbulos vermelhos) no sedimento urinário.
O exame de cultura da urina, na infecção urinária, mostra um crescimento de bactérias superior à 100.000 germes por mililitro de urina.
Esta quantidade de bactérias permite o diagnóstico de Infecção do Trato Urinário em mais de 95% dos casos.

Classificação da infecção urinária

A infecção do trato urinário é classificada em complicada e não complicada. A infecção do trato urinário não complicada é associada ao paciente com as seguintes características:
  • sexo feminino, não grávida;
  • ausência de alterações anatômicas do trato urinário;
  • ausência de alterações funcionais do trato urinário;
  • ausência de cateteres urinários;
  • ausência de alterações da imunidade;
  • adquirida na comunidade.
A infecção do trato urinário complicada associa-se com condição subjacente que eleva o risco de falha terapêutica:
  • sexo masculino;
  • obstrução urinária;
  • alterações anatômicas do trato urinário;
  • alterações funcionais do trato urinário;
  • patógeno multirresistente;
  • corpo estranho;
  • imunossupressão;
  • cateteres urinários;
  • presença de cálculos urinários e/ou nefrocalcinose.

Incidência da infecção urinária

A incidência da infecção urinária varia de acordo com a faixa etária.
É mais comum no sexo masculino, no primeiro ano de vida, devido à maior incidência de mal-formações congênitas, como válvula de uretra posterior, mal-formações da uretra (hipospádia, epispádia, etc.) Após tal período, passa a ser mais freqüente no sexo feminino.
Na idade pré-escolar, tende a ser de 10 a 20 vezes maior em crianças do sexo feminino. No adulto, a frequência de infecção do trato urinário aumenta, também, com predomínio no sexo feminino, com picos de incidência, no início, ou relacionado com atividade sexual, na gestação e na menopausa. A incidência volta a aumentar no sexo masculino após a 5ª e 6ª década de vida, devido a problemas da próstata. A menor incidência de infec?ção do trato urinário, no sexo masculino, deve-se a fatores anatômicos, uretra mais longa, atividade bactericida do fluido prostático e ambiente periuretral mais úmido. No sexo feminino, além da uretra mais curta, há, também, maior proximidade do ânus com a uretra e o vestíbulo vaginal, o que possibillita a colonização destes por enterobactérias que, habitualmente, causam infec?ção do trato urinário.